quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Can You Be Mine. (Fifteenth)

15º  Capitulo

  Desço correndo, pois ouço um estrondo vindo da cozinha, e como não vejo Agatha no quarto, já posso imaginar o estrago que ela fez lá embaixo.
  Copos e pratos que antes estavam no balcão, como minha mãe gostava, agora estavam no chão, e em cima da mesa tinha...
 -UM GATO? POR QUE TEM UM GATO EM CIMA DA MESA AGATHA!? –gritei pra ela.
 -PORQUE ELE SUBIU AÍ! EU JURO, EU COLOQUEI ELE NO CHÃO! –ela gritou de volta.
  Não pude conter o riso.
 -Agatha, vou reformular a pergunta. Porque tem um gato na minha casa? Você sabe que eu não gosto de gatos.
 -Qualé, Margozinha?! –olhei pra trás surpresa, definitivamente aquelas palavras não tinham saído da boca de Agatha.
 -IAN? COMO FOI QUE VOCÊ ENTROU AQUI? E PORQUE VOCÊ TÁ AQUI? –ele gesticulou para falar, mas eu o interrompi com um gesto –Não. Nem precisa. Agatha, tudo bem você trazer ele pra cá, mas você ter um gato, não significa que eu precise de um gato.
 -Mas foi eu quem te trouxe o gato, Margozinha.
 -Para de me chamar assim, Ian! E porque você acha que eu ia querer um gato?
 -Você mal sai de casa, Margozinha. Precisa de companhia, já que pretendo levar sua amiguinha pra dar umas voltas. –Ele tinha um pesado tom de malícia na voz.
 -Porque você se refere às pessoas no diminutivo, Ianzinho?
 -Você não gosta, gatinha?
 -AH! PELO AMOR DE DEUS! COMO VOCÊ AGUENTA AGATHA? VOLTA PRA SALA DE ARTES COM A FRAN, IAN!
 -VOCÊ SE LEMBRA DISSO, NÃO É?! EU SABIA QUE QUERIA TER FICADO LÁ COM A GENTE!
 -Eu sou muito educada, por isso não vou te mandar tomar no cu.
  Peguei o gato no colo e voltei para o meu quarto.
  Sentei na cama de frente pro gato e ficamos encarando um ao outro.
 -Já que é meu, precisa de um nome, não acha?
  Ele miou e eu ri. Pensei por uns instantes enquanto o bichano me olhava com aqueles olhinhos verdes, eu acho, curiosos brilhando em meio aquele monte de pelo tão preto quanto a noite.
-Bond. Tipo, James Bond. Esse vai ser seu nome bichano. O que acha? –ele se levantou e veio até a mim, um ato de aprovação, eu acho. –Ta bom ta bom. Mas sem muitas proximidades, gatinho, ainda não nos conhecemos direito.
  Peguei um livro que estava embaixo da cama, Assassinato no Expresso do Oriente, (Agatha Christie) e me perguntei porque aquele livro estava embaixo da cama. Comecei a ler e me perdi, só parei quando eu terminei, e a propósito, foi tempo suficiente pra Agatha dar umas “voltinhas” com Ian, porque quando desci pra comer alguma coisa, eles haviam acabado de entrar em casa e estavam rindo e se acariciando. Eca.
 -Como foi a voltinha de vocês? –perguntei enquanto descascava uma laranja.
 -Ah minha cara, -Ian quem falou –você só saberia se estivesse com a gente. –e sorriu.
 -Ian! Nós fomos à sorveteria, Margie. Foi bem gostoso. –Eles se entreolharam e ela riu.
 -Trinta e sete milhões novecentos e noventa e cinco mil trezentos e vinte e dois ECAS pra vocês dois. Vem Bond, vamos lá pra fora. –Saí pela porta antes de ouvir a resposta deles, mas voltei pra perguntar: No hospital permitem a entrada de animais?
 -E depois disse que não gosta de gatos. Precisa formar uma opinião sobre isso, Margozinha.
 -Ah! Cale a boca Ian! Cale a boca.
  E fui, mesmo sem saber se Bond entraria, para o hospital ver minha mãe.


  Mal fui chegando no hospital e um segurança já veio me parando dizendo que animais não são permitidos. E na verdade, fiquei surpresa ao olhar pra baixo e ver que Bond havia me seguido.



 -Ah, esse gato! –disse pro segurança alto e forte –Ganhei hoje. Não queria que ele viesse. Olha ele pra mim enquanto faço uma visita rápida à minha mãe.
  E saí correndo pra dentro do hospital. Ninguém veio atrás de mim, no fim das contas o segurança fortão era fã de gatinhos.
  Cheguei ao quarto dela. Me sentei na cadeira perto de sua cama e falei com ela
 -Oi mãe. Que saudade de você. Aconteceu tanta coisa essa semana. Desculpa eu não ter vindo aqui esses dois últimos dias. Mas você não vai acreditar no que aconteceu! Agatha me deu um gato! Sério, foi horrível mãe! Aquele bicho em cima da mesa, e quebrou seus pratos e copos, mas eu prometo vou comprar outros...

  E de repente, todos os aparelhos ligados nela começaram a piscar continuamente e a fazer um barulho ensurdecedor e eu me desesperei e comecei a chorar e então a enfermeira entrou e mandou que eu saísse do quarto imediatamente. Eu não queria, mas tive que obedecer, e então saí e fiquei olhando pela janela, mas a maldita fechou a cortina.

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