15º Capitulo
Desço
correndo, pois ouço um estrondo vindo da cozinha, e como não vejo Agatha no
quarto, já posso imaginar o estrago que ela fez lá embaixo.
Copos
e pratos que antes estavam no balcão, como minha mãe gostava, agora estavam no
chão, e em cima da mesa tinha...
-UM
GATO? POR QUE TEM UM GATO EM CIMA DA MESA AGATHA!? –gritei pra ela.
-PORQUE ELE SUBIU AÍ! EU JURO, EU COLOQUEI ELE
NO CHÃO! –ela gritou de volta.
Não
pude conter o riso.
-Agatha, vou reformular a pergunta. Porque tem
um gato na minha casa? Você sabe que eu não gosto de gatos.
-Qualé, Margozinha?! –olhei pra trás surpresa,
definitivamente aquelas palavras não tinham saído da boca de Agatha.
-IAN?
COMO FOI QUE VOCÊ ENTROU AQUI? E PORQUE VOCÊ TÁ AQUI? –ele gesticulou para
falar, mas eu o interrompi com um gesto –Não. Nem precisa. Agatha, tudo bem
você trazer ele pra cá, mas você ter um gato, não significa que eu precise de
um gato.
-Mas
foi eu quem te trouxe o gato, Margozinha.
-Para
de me chamar assim, Ian! E porque você acha que eu ia querer um gato?
-Você
mal sai de casa, Margozinha. Precisa de companhia, já que pretendo levar sua
amiguinha pra dar umas voltas. –Ele tinha um pesado tom de malícia na voz.
-Porque você se refere às pessoas no
diminutivo, Ianzinho?
-Você
não gosta, gatinha?
-AH!
PELO AMOR DE DEUS! COMO VOCÊ AGUENTA AGATHA? VOLTA PRA SALA DE ARTES COM A
FRAN, IAN!
-VOCÊ
SE LEMBRA DISSO, NÃO É?! EU SABIA QUE QUERIA TER FICADO LÁ COM A GENTE!
-Eu
sou muito educada, por isso não vou te mandar tomar no cu.
Peguei o gato no colo e voltei para o meu quarto.
Sentei na cama de frente pro gato e ficamos encarando um ao outro.
-Já
que é meu, precisa de um nome, não acha?
Ele
miou e eu ri. Pensei por uns instantes enquanto o bichano me olhava com aqueles
olhinhos verdes, eu acho, curiosos brilhando em meio aquele monte de pelo tão
preto quanto a noite.
-Bond. Tipo, James Bond. Esse vai ser seu
nome bichano. O que acha? –ele se levantou e veio até a mim, um ato de
aprovação, eu acho. –Ta bom ta bom. Mas sem muitas proximidades, gatinho, ainda
não nos conhecemos direito.
Peguei um livro que estava embaixo da cama, Assassinato no Expresso do Oriente, (Agatha Christie) e me perguntei porque aquele livro estava embaixo
da cama. Comecei a ler e me perdi, só parei quando eu terminei, e a propósito,
foi tempo suficiente pra Agatha dar umas “voltinhas” com Ian, porque quando
desci pra comer alguma coisa, eles haviam acabado de entrar em casa e estavam
rindo e se acariciando. Eca.
-Como
foi a voltinha de vocês? –perguntei enquanto descascava uma laranja.
-Ah
minha cara, -Ian quem falou –você só saberia se estivesse com a gente. –e
sorriu.
-Ian!
Nós fomos à sorveteria, Margie. Foi bem gostoso. –Eles se entreolharam e ela
riu.
-Trinta e sete milhões novecentos e noventa e
cinco mil trezentos e vinte e dois ECAS pra vocês dois. Vem Bond, vamos lá pra
fora. –Saí pela porta antes de ouvir a resposta deles, mas voltei pra
perguntar: No hospital permitem a entrada de animais?
-E
depois disse que não gosta de gatos. Precisa formar uma opinião sobre isso,
Margozinha.
-Ah!
Cale a boca Ian! Cale a boca.
E
fui, mesmo sem saber se Bond entraria, para o hospital ver minha mãe.
Mal
fui chegando no hospital e um segurança já veio me parando dizendo que animais
não são permitidos. E na verdade, fiquei surpresa ao olhar pra baixo e ver que Bond havia me
seguido.
-Ah,
esse gato! –disse pro segurança alto e forte –Ganhei hoje. Não queria que ele
viesse. Olha ele pra mim enquanto faço uma visita rápida à minha mãe.
E
saí correndo pra dentro do hospital. Ninguém veio atrás de mim, no fim das
contas o segurança fortão era fã de gatinhos.
Cheguei ao quarto dela. Me sentei na cadeira perto de sua cama e falei
com ela
-Oi
mãe. Que saudade de você. Aconteceu tanta coisa essa semana. Desculpa eu não
ter vindo aqui esses dois últimos dias. Mas você não vai acreditar no que
aconteceu! Agatha me deu um gato! Sério, foi horrível mãe! Aquele bicho em cima
da mesa, e quebrou seus pratos e copos, mas eu prometo vou comprar outros...
E
de repente, todos os aparelhos ligados nela começaram a piscar continuamente e a
fazer um barulho ensurdecedor e eu me desesperei e comecei a chorar e então a
enfermeira entrou e mandou que eu saísse do quarto imediatamente. Eu não queria,
mas tive que obedecer, e então saí e fiquei olhando pela janela, mas a maldita
fechou a cortina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário