16º Capitulo
Não vi
quanto tempo passou depois que me puseram para fora do quarto, mas tenho a
impressão de que foi muito tempo, tempo o suficiente para Agatha chegar
acompanhada de Ian e Luke.
Ela
estava em prantos quando veio me abraçar, abraço o qual eu jamais recusaria,
principalmente agora que...
-NÃO!! AGATHA O QUE EU VOU FAZER AGORA? ME
DIZ!! –impossível era conter as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, molhando
todo o ombro dela –EU NÃO SEI O QUE FAZER AGATHA!
-POR
FAVOR, MARGIE! PARE! EU ESTOU AQUI COM VOCÊ! EU SEI. AI MEU DEUS! COMO EU SEI O
QUE É FICAR SEM OS PAIS! E OLHE PRA MIM! –ela não continha as lágrimas e nem
terminou sua frase.
Agatha sempre fora mais forte que eu, mesmo quando nós duas tínhamos
nossos pais. Aquela fase em que tudo é culpa deles, e a revolta é nossa. Ela
passou tranquila por isso, e me ajudou tanto. E agora outra vez ela está me
ajudando a passar por algo que ela já passou e foi tão forte.
Ser
forte. Ser forte não é a minha praia. Eu prefiro me afogar em minhas lágrimas,
e deixar claro como sou fraca. Mas isso se torna impossível nos braços de
Agatha.
Senti outro par de mãos afagarem minhas costas. Mãos pequenas e leves,
acostumadas a consolar meninas fracas. Virei-me e vi uma enfermeira baixinha e
robusta, no crachá “Silvya”. A reconheci de quando minha mãe foi internada, ela
estava lá pouco antes de eu cair nos braços de Luke.
-Pequena
Margo. –em seus olhos havia muita dor, dor sincera –Eu sinto tanto pela sua
perda.
Apenas assenti, o que eu poderia dizer? “Ah, obrigada, eu também sinto”
insensível.
Ela
me tirou dos braços de Agatha, eu quis protestar contra aquilo, mas sabia que
eu precisava ouvir algo que só eu precisava ouvir. Agatha voltou para os braços
de Ian, e vi Luke se levantar e perguntar algo pra ela, que ela negou com um aceno
de cabeça.
-Margo, eu fiz tanto pela sua mãe. –Ela
começou depois de me levar para uma sala –Eu media os batimentos dela toda vez;
as poucas vezes que você não veio passar as noites com ela, eu ficava, não
querendo tomar seu lugar, pelo amor de Deus, não pense isso! Mas eu apenas
ficava de olho, porque se ela acordasse e procurasse por você? Se isso
acontecesse eu estaria lá para dizer que você voltou pra casa para descansar
depois de muito insistirem.
Eu
não sabia o que dizer. Eu nem sequer sabia o nome dela, e ela havia feito tanto
por mim, feito tanto pela minha mãe. As lágrimas que não tinham parado tomaram
velocidade e embaçou por completo minhas vistas, tanto que precisei baixar a
cabeça.
Ela
me deu um beijo no alto da cabeça, e saiu. E eu fiquei sozinha, só eu e minha
dor. Uma dor indescritível, indesejável.
Não
por muito tempo.
-Oi?
–era ele, e eu precisava dele.
Virei-me e tentei sorrir em meio ao choro
-Oi.
Ele
veio até mim, e me abraçou. E fiquei abraçada, e envolvida em seus braços, era
como se nada mais pudesse me atingir.
Ele
acariciava meus cabelos sem tirar o rosto dos meus ombros.
-Tiago.
Olhei pra ele confusa.
-O
que?
-Meu
nome. Não é Luke, é Marshaw Lukerman.
-E
você só gosta de Luke?
-Sim,
só de Luke.
-Gosto de Marshaw.
-E eu
gosto de você.
Ah, Luke, pensei, não me faça querer beijá-lo agora, não é hora pra isso.
Com
a cabeça em seu peito, me pus a chorar outra vez, ignorando a vergonha e
soluçando alto, no meio do abraço apertado, apertando cada vez mais sua
cintura.
Ele
segurou meu rosto de modo que nos encarássemos, olhos nos olhos. Aqueles olhos
me levando para longe de tudo, me levando para longe do mundo. E nossos lábios
–finalmente –se tocaram.
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